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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

PORTUGUESES AJUDAM A EXPULSAR OS FRANCESES DO SIÃO

Foto de Nova Portugalidade.

Sobre o Sião do século XVII importa ler o Journal de l'Abbé de Choisy, as Mémoires du comte de Forbin e a Relation de la Révolution arrivée à Siam dans l'année 1688, de Desfarges.

A França chegou à actual Tailândia com promessas de ajuda contra holandeses e britânicos, semeou copiosa intriga contra os portugueses, instalou-se e, no fim, quis obr
igar o então soberano thai (Rei Narai) à conversão. Tratou-se de uma verdadeira intriga internacional.

Em Versalhes, os padres das Missions Étrangères, protegidos pela amante do Rei (ou antes, sua mulher secreta, Madame de Maintenon), quiseram fazer crer a Luís XIV que o Sião estava maduro para aceitar a missionação e conversão a Roma. Foram ao Papa, mentiram-lhe e prometeram-lhe um novo Japão, ou seja, um absoluto sucesso de conversões.

Daí, com a ajuda de um aventureiro grego (Constantine Phaulkon ) que pelo Sião subira tão alto que se transformara em favorito do rei de Ayutthaya (1), encheram a cabeça do monarca siamês de projectos expansionistas, construíram-lhe um palácio de pedra e água corrente, edificaram-lhe um observatório astronómico e convenceram-no que grandes dias estavam para chegar.

Phaulkon, que trabalhara como embarcadiço na fleet da Honourable East India Company e que depois estivera em Java trabalhando por conta própria em negócios de "import-export" que roçavam a pirataria, era casado com uma luso-japonesa. Falava e escrevia bem a nossa língua, como se impunha a qualquer homem de negócios, pois que o português era e permaneceria até meados do século XIX como língua franca nas relações internacionais do extremo-oriente e sudeste-asiático.

Mentiu a ingleses, trapaceou persas - que no Sião possuíam importantes interesses comerciais - e tentou mentir aos portugueses. Os portugueses de então não eram propriamente ingénuos nestas andanças, pelo que tudo fizeram para impedir a aventura francesa, lesiva dos interesses portugueses e igualmente perigosa para a minoria católica luso-siamesa existente em Ayutthaya.

Enviou Goa ao Sião como embaixador Pero Vaz de Siqueira (1684-1686), o qual tentou desaconselhar os thais para os perigos de uma ingerência francesa. Em vão, pois o grego recorreu a todos os expedientes para que o Rei siamês não ouvisse o nosso embaixador.

Seguidamente, Phaulkon preparou nova artimanha, sugerindo ao Rei Narai que enviasse uma embaixada a França para fazer crer ao Rei Sol que novos súbditos se haviam constituído no remoto Oriente. A embaixada, a bordo do Soleil D'Orient - com elefantes, animais exóticos, muito ouro e prata - afogou-se nas Tormentas. Nova embaixada se preparou, desta vez com arribada bem sucedida à Europa.

Ora, em Versalhes, o embaixador siamês Kosa Pan, foi confrontado com a imposição da "ajuda militar" francesa ao Sião; por outras palavras, como se hoje um qualquer governo pedisse ajuda à França e esta lhe enviasse, não conselheiros e meios, mas um exército. Assim chegaram ao outro extremo do mundo seis meses depois. Lançaram pé em terra e ocuparam Bangkok, então uma pequena povoação inteiramente composta por cristãos luso-thais. Logo, um levantamento nacional anti-francês levou a um golpe palaciano, o Grande Rei Narai "foi acometido de morte súbita" e o seu valido grego despedaçado. Caçados como lebres, os franceses fugiram e acabou em tragédia uma enorme teia de mal entendidos. A França estava, decididamente, virgem em tudo que ao Oriente dizia respeito. Por tais paragens só se voltariam a ver em meados do século XIX!

Na Revolução do Sião de 1688, a numerosa comunidade católica luso-thai não tomou partido pelos invasores europeus, mas participou activamente no combate aos franceses, pelo que não só foi poupada, como elogiada pela bravura e fidelidade de que dera provas. Mas não foi só a comunidade católica que se levantou em armas em defesa do Sião. De Macau chegaram embarcações dotadas de artilharia que bloquearam a foz do rio Chao Phraya, impossibilitando ao corpo expedicionário francês receber reforços. Em agradecimento, o novo, Phetracha, enviaria dois anos depois um embaixador a Goa para agradecer a inestimável ajuda portuguesa na luta pela independência do Sião.

Miguel Castelo-Branco 


(1) Ayutthaya, antiga capital do Sião, situada a cerca de 80 quilómetros de Bangkok.

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