A PRESENÇA PORTUGUESA NO JAPÃO, A PARTIR DE 1543, INFLUENCIOU AS SUAS ARTES TRADICIONAIS, particularmente, na grande Ilha de Kyushu, no Sul do Arquipélago Nipónico, onde mais se fez sentir a nossa actividade comercial e missionária. A representação dos "bárbaros do sul", os namban-ji passou a ser comum, nomeadamente, em extraordinários biombos narrativos, em que a cena principal era a chegada anual do "Barco Negro" a Nagasáky, e o cortejo subsequente de mercadores e religiosos pela cidade.
Mas, vamos restringir-nos hoje a um único aspecto, as figurações de navios portugueses ou de símbolos cristãos, nas "tsubas", que são as guardas de mão das espadas japonesas. A sua forma e função não foram alteradas, mas os samurais convertidos não dispensavam lutar com as suas armas adornadas simbolicamente com símbolos cristãos, vulgarmente uma ou mais cruzes.
O seu diâmetro anda normalmente em volta dos 7 cm, possuem o orifício para a lâmina, sendo depois, mais ou menos perfuradas, para a realização dos motivos decorativos. Mostramos quatro, todas do Período Momoyama, ou seja o fim do século XVI e início do século XVII, em ferro, decoradas com barcos, uma em forma de cruz, outras com Crucifixos, e até uma que se abre e tem dentro um Crucifixo em relevo, certamente já do período da proibição do Cristianismo. Mostramos igualmente uma espada de samurai, ou parte dela, para elucidar a função da "tsuba" ou guarda de mão.
Pedro Dias, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra
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